segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Continuando a bater na estupidez que é este país, sim, porque esta parece não ter fim...


...estou farta e enjoada de ouvir falar de praxes. É que já não há paciência. Vejamos vivemos num país que foi à bancarrota e veio, que deve dinheiro a uma porrada de credores, que continua a gastar mais do que efectivamente tem. Alguém vê a comunicação social e por conseguinte a sociedade, preocupada em exigir ao governo explicações sobre a reforma do estado? sobre o que efectivamente se vai fazer para deixarmos de gastar o dinheiro que não temos para não estar a falir de 20 em 20 anos? Alguém se preocupa em denunciar casos escandalosos de má gestão pública, alguém grita para exigir a responsabilidade criminal dos políticos que deixaram o país na bancarrota? Nãaaa, em vez disso andamos há um mês a levar com a diabolização da praxe, que aparentemente assassinou cinco estudantes que resolveram ir para a praia em noite de forte ondulação. Já se fizeram reportagens de investigação. Já descobriram estudantes obrigados a rebolar na merda. Já entrevistaram professores que foram praxados. Agora até o ministro vai reunir com as associações de estudantes para falar sobre a praxe. 
Fico doida quando se perde o bem senso na discussão de um assunto. E a mediatização deste caso, o tratamento execrável que os nossos media lhe dão já fizeram com o bom senso ficasse há muito para trás. Este caso é sintomático de muitos problemas na sociedade, a praxe não o único, tampouco o maior. Porque não analisar a falta de maturidade dos nossos jovens e a irresponsabilidade que este caso demonstra. Porque não dissecar sociologicamente os problemas que advêm do excesso de protecção que esta nova geração sofreu por parte dos seus pais? Porque não tentar entender a geração que acha que rastejar na terra com paralelos nos calcanhares é ganhar experiência de vida? Porque não estudar a falta de interesse dos jovens pelo acesso à informação noticiosa, que no caso lhes podia ter salvo a vida, já que o litoral estava em alerta laranja? Não adianta arranjar culpados para esta tragédia. Os culpados pagaram o preço com a sua própria vida. Não estamos a falar de alunos caloiros na estupidez dos 18, estamos a falar de finalistas da universidade, pessoas que em poucos meses haveriam de integrar o mercado de trabalho. Não estamos a falar de praxe, estamos a falar de rituais que nada têm que ver com praxe. Rituais que acontecem e se repetem em diversas organizações desde a Maçonaria à Igreja Universal do Reino de Deus. Até podem acabar com as praxes mas nunca acabarão com a estupidez humana.
Na mesma semana desta tragédia morreram 5 pescadores lúdicos num acidente que se veio a saber causado pelo excesso de velocidade. Cinco adultos ignoraram os avisos das autoridades e decidiram ir pescar num dia em que o mar estava revolto, desafiando ainda mais a sorte ao andar no barco em excesso de velocidade. O tratamento noticioso foi completamente oposto ao da tragédia do Meco. O principio que regeu a morte destas 11 pessoas foi o mesmo.




1 comentário:

Sílvia disse...

Mais uma vez de completo acordo em tudo.

1 - "Porque não tentar entender a geração que acha que rastejar na terra com paralelos nos calcanhares é ganhar experiência de vida?"... Pá, só se for ganhar experiência como na tropa! Mas de uma coisa podes estar certa, não precisavam de ir gastar dinheiro ao ginásio!
... Humor negro, gente não se enervem, porque este assunto também já me mete nojo, já só dá para humor negro. Isto para a população já não interessa (embora os media continuem a espremer ao máximo), interessa apenas aos pais, que devem fazer o que têm a fazer nos locais certos.

2 - "Porque não estudar a falta de interesse dos jovens pelo acesso à informação noticiosa, que no caso lhes podia ter salvo a vida, já que o litoral estava em alerta laranja?"... Nem precisavam de saber do alerta, bastava estarem lá, digo eu que vivo junto à praia. Eu tenho medo de lá ir de noite, nas noites de verão que o mar está calmo, precisamente pelo barulho (que no verão é pouco) que ele faz, nem quero imaginar como ele estava naquela noite. Custa-me tanto, mas tanto a acreditar que pessoas adultas, formadas, tenham feito aquilo que dizem que eles fizeram. Eram tantos e não houve um que tivesse dito "pára, que isto não tem lógica nenhuma.", e ainda falam agora em fita-cola nas pernas, tipo, sério?!