terça-feira, 10 de dezembro de 2013

power to your people...



Todas as relações humanas se baseiam nos poderes que concedemos. Uma espécie de contracto social de Rousseau. Se simpatizas com alguém, concedes-lhe o poder de falar contigo, de interagir, de partilhar momentos. À medida que vais conhecendo e afeiçoando-te às pessoas vais dando mais e mais poderes. O poder de saber da tua vida, o direito de emitir opiniões, de dar conselhos, de partilhar alegrias e amarguras. Isto demora tempo a construir. Pressupõe convivências, partilhas, 
Viver é ir concedendo estes direitos a quem vai cruzando o teu caminho. Não é um contracto escrito, não é até, na maioria dos casos, um contracto consciente. São direitos que vão sendo adquiridos. Há os que os detêm por inerência, há os que os conquistam com o tempo e há aqueles que os arrebatam porque apareceram na nossa vida num momento cosmológico muito preciso. De todos os poderes que podes conceder, há um particularmente sensível: é o poder de te magoarem. E é aqui que tens de ter muito cuidado! Podes restringir esse poder apenas àqueles que mais te amam, o ideal seria se este poder fosse limitado à mãe e ao pai, ninguém te ama mais! Mas isso seria resumir demasiado a tua rede de pessoas. Há momentos em que os  pais não são suficientes. Precisas de mais. Olhas em volta e vês aqueles que sempre ali estiveram. Aqueles que aparecem repetidamente em todas as cenas da tua vida, das mais cómicas às mais dramáticas, das mais rotineiras às mais apaixonadas. Não há como lhes negar o direito a esse poder. É-lhes concedido por usucapião. Depois há os saltos de fé. Aquelas pessoas com quem sentes uma afinidade imediata. Com quem estabeleces uma ligação directa e quando dás por ti já lhes entregaste o código do Amex. É arriscado mas, não mais que viver.
Prepara-te para que, um dia, esse poder se vire contra ti. Prepara-te para a sua não reciprocidade. Prepara-te para que seja usado mesmo por aqueles que conheces como a ti próprio, e de quem nunca esperarias.  Prepara-te, pois vai doer, muito. Mas, se a alternativa é isolares-te do mundo, que te doa, pois assim saberás que, houve o dia , em que te soube...


(nota interna: a mona concorda...)


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