terça-feira, 4 de junho de 2013

Se não é fácil, que seja doce...



Podíamos nascer, crescer e viver apenas para satisfazer a nossa natureza, tal qual Adão e Eva no Paraíso, onde nem a mundana preocupação do que vestir os assolava. Podíamos não ser assombrados pela insatisfação, pelo desejo de ir sempre mais além, de saber o que está para lá do horizonte. Podíamos acatar a nossa realidade e cingir-nos a ela. Podíamos não sonhar, não imaginar, não ver as estrelas. Podíamos nascer com um guião com notas de rodapé, legendas e sublinhados a vermelho, que orientasse os nossos actos e falas para não estragar o momento que podia ser perfeito. Que nos preparasse para o que está para vir e nos recordasse, com recurso a analepses, do que passou e o que com isso passamos. Que eufemizasse a nossa dor, prolongasse o clímax das  alegrias, que hiperbolizasse o amor. Podíamos nascer marcados na pele com a marca da nossa tribo, aqueles com quem estamos destinados a dar-nos bem, aqueles  que nos gostam, nos protegem, nos dão a mão. Podíamos encontrar a felicidade na simplicidade da existência, na representação do papel que nos atribuíram.

Podia ser fácil mas não é...

1 comentário:

Quel* disse...

Podia realmente ser menos dificil. Há dias em que nem dormir é fácil, caramba.