quarta-feira, 22 de maio de 2013

Da natureza Humana...




O tornado de Oklahoma foi apenas mais um. Ceifou vidas, destruiu edifícios, levou memórias, deixou marcas que custarão a passar. Mas, foi apenas mais um. Depois do choque, do luto, do choro, aquele povo vai arregaçar as mangas e reconstruir o que o vento destruiu: a mesma casa, a mesma escola, o mesmo parque no mesmo sítio. Tudo voltará a ser igual. Apesar da ausência de quem não sobreviveu, apesar da dor que vão sempre carregar, da cicatriz, mais uma, que vai ficar marcada na pele. Daqui a uns tempos vão olhar para trás e falar do tornado de 2013 como apenas mais um, será um termo de comparação para os próximos que virão. Porque virão mais. Sabemos nós e sabem os habitantes de Oklahoma. É apenas uma questão de tempo até serem atingidos pelo próximo tornado. Talvez menos destrutivo, talvez igualmente arrasador, essa é a única dúvida. Mesmo assim, não desistem de reconstruir a sua vida ali, de arriscar passar pelo mesmo tormento outra e outra vez. Resiliência? Coragem? Fatalismo? ou Tendência para o trágico? 
Sempre acreditei que a humanidade carrega uma natural tendência para o sofrimento. Um pouco aquela ideia religiosa de que só pela dor nos purificamos e por isso a aceitamos, a acatamos resignadamente, muitas vezes a procuramos. Há uma espécie de necessidade de sofrer para nos sentirmos vivos. Como se as lágrimas despertassem mais que o sorriso. Só isso explica o gostarmos tanto do que nos faz mal. O vivermos agarrados a recordações que nos consomem. A tendência suicida para repetir os mesmo erros outra e outra vez. Burrice? Masoquismo? Ou a mesma natureza que leva o louva-a-deus a procurar  a sua fêmea, mesmo sabendo que, no fim, acabará sem cabeça?



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