domingo, 19 de agosto de 2012

Viagens no tempo...

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As estradas rasgadas por entre os pomares que nos levam às fabulosas praias do Oeste, despertam em mim o desejo juvenil de roubar fruta. Parar o carro, invadir o pomar, colher uma pêra e dar uma sonora trinca, na fruta acabada de colher e "lavada" apenas com uma passagem pela camisola. Depois de um dia de praia, com a boca ainda salgada, sentir o doce da fruta ainda com o cheiro da árvore que a gerou. Acredito que quem nunca roubou fruta na sua infância, perdeu uma importante etapa do crescimento. Eu roubei, e muita. As longas tardes da minha adolescência, passadas sempre na rua, ainda sem os perigos que hoje atormentam os pais, eram muitas vezes coroadas com um assalto aos quintais vizinhos em busca de fruta. Não era por fome, a fome matava-a o pão chamuscado na chama do fogão, para derreter a Planta. Era o vicio, a aventura, a adrenalina do proibido, que nos levava invadir o quintal, enfrentar a espingarda de chumbo que o vizinho empunhava na defesa dos seus pêssegos e ameixos que, bem mereciam a guarda de honra que o velhote lhes fazia. Éramos um exército organizado, enquanto uns iam pelo lado norte do quintal e atiravam pedras para distrair os cães e o seu dono, outros preparavam o assalto a sul, escalavam o poste da PT, entravam no território e colhiam os frutos, sempre atentos à sinalética dos que ficavam de guarda. Nem sempre éramos bem sucedidos, por vezes tinhamos deixar o apuro do assalto no chão para espacar aos chumbos... Muitos anos depois, o doce trago da fruta roubada permanece. Roubada, a fruta sabe melhor, sabe a coragem, a indisciplina, a rebeldia. Não assaltei os pomares de pêra rocha mas, a vontade de ser rebelde estava lá...

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